domingo, 23 de outubro de 2011

Análise do filme O Diabo veste Prada

Este filme revela de forma genial os bastidores do universo fashion, particularmente os mecanismos que regem os editoriais de moda. Em O Diabo Veste Prada, inspirado na obra de Lauren Weisberger, o enredo gira em torno da arrogante Miranda Priestly, alterego da poderosa Anna Wintour, editora de moda da Revista Vogue americana.

Na trama, Miranda, interpretada magistralmente por Meryl Streep, trabalha na Revista Runway, submetendo e humilhando suas funcionárias e todos que, no mundo da moda, a temem e se submetem a ela, uma vez que a editora parece comandar, de cima de seu trono Prét-à-Porter, os destinos de grifes e estilistas, do próprio mercado fashion.

Andrea, vivida por Anne Hathaway, é a jornalista recém-formada em busca de uma oportunidade de trabalho. Trazendo em sua bagagem inúmeras expectativas e um total desconhecimento da esfera da moda, ela vai para Nova York e, sem imaginar o que a aguarda, é contratada para atuar na Runway.

Todos torcem o nariz para ela, não só Miranda, mas suas próprias colegas, que a humilham da mesma forma como a chefe as despreza. Inicialmente Andrea se recusa a adotar os valores e a aparência daquelas que ela denomina de ‘saltinhos’, por seguirem rigorosamente os padrões da moda, incluindo sapatos com os saltos mais altos e finos.

A jornalista, que nunca se importou com a aparência e adota um estilo totalmente pessoal e despojado, como se desprezasse literalmente o figurino feminino, entra imediatamente em confronto com o novo ambiente, mas ao mesmo tempo decide encarar o desafio e, aos poucos, vai dominando seu trabalho.

Miranda, porém, não facilitará sua vida, nem mesmo sua 1ª assistente, Emily (Emily Blunt), que tenta desde o início sabotar sua tentativa de conseguir o emprego na revista e tenta ser uma clone da chefe em relação aos colegas de trabalho. Antes de Andrea, várias outras candidatas haviam experimentado permanecer como 2ª assistente, sem êxito algum. Ironicamente este cargo é visto internamente com desdém, mas é cobiçado por inúmeras profissionais.

Tanto Miranda quanto Emily transmitem a Andrea os piores encargos, mas gradualmente a garota vai conquistando a confiança da poderosa editora e transcendendo o potencial de Emily, mas a jornalista paga um alto preço por sua transformação em uma ‘saltinho’, cobrado sem demora por seu namorado e pelos antigos amigos.

Esta comédia, recheada de cenas engraçadas e picantes, levanta questões no mínimo interessantes. Afinal, Miranda é realmente uma líder diabólica, ou uma mulher forte, temperamental, assumindo tarefas normalmente destinadas aos homens, e que neles seriam vistas com naturalidade?

E Andrea, até que ponto ela pode assumir determinados valores e comportamentos impostos pelo convívio social sem distorcer sua própria personalidade? Como conciliar mundos tão distintos, uma vez que desejar vencer como profissional não é nenhum crime? Estas e outras indagações ganham um significado ainda maior quando se sabe que o filme é inspirado em uma história real, vivida pela própria autora de O Diabo Veste Prada quando ela trabalhou na Vogue sob as ordens da implacável Anna Wintour.

A direção segura e precisa de David Frankel, o figurino deslumbrante de Patrícia Field e a contagiante trilha sonora transformam este filme em uma das mais saborosas comédias desta década. Sem falar nas brilhantes atuações de Meryl e Anne, e na pequena participação da modelo Gisele Bündchem como a editora de uma revista de moda.

Resistindo ao inferno corporativo através do poder da rebeldia dada pelo livre arbítrio
O filme “O Diabo veste Prada” é realmente uma obra prima do cinema em todos os seus aspectos! Desde a direção até a atuação dos atores é impecável! Ele nos mostra como a coletividade (e o convívio cotidiano) em um ritmo acelerado pode nos levar a mudar completamente o rumo das nossas crenças individuais. Nos mostra o quão frágil somos diante de organizações que são estruturadas para funcionar em um ritmo alucinante (e quase todas são) onde a eficiência é o carro chefe. Muitos se deixam levar em ao menos perceber que estão sendo “lapidados” e “moldados” por uma estrutura que tem um único objetivo: expandir-se.


Uma corporação vive para isso: crescer, expandir-se e lucrar. Pessoas entram, pessoas saem, pessoas se estressam, pessoas se aposentam, pessoas são demitidas, pessoas morrem, mas o objetivo continua o mesmo! Crescer, expandir-se e lucrar! Então a corporação é o demônio? O ambiente corporativo é o próprio inferno? De maneira alguma caros amigos e amigas! Graças as grandes corporações é que hoje temos uma sociedade que oferece uma estrutura material nunca experimentada na história da nossa humanidade! De maneira alguma sou contra as corporações! Mas, nós (e não as corporações, porque elas não tem vida em si mesmo, mas são animadas por outras pessoas ou por um conjunto de pessoas) é que temos que entender que o ambiente corporativo pode servir não somente para produção acelerada de coisas, mas pode servir também para o crescimento pessoal de cada indivíduo!


O que você vai aprender com O Diabo Veste Prada?

Ponto 1 – Entendendo as regras do jogo: oportunidade, preconceito ou humilhaçãoo

1 – A idéia de preconceito: destruindo os nossos preconceitos para destruir o preconceito dos outros

2 – A idéia de oportunidade: destruindo as barreiras do presente para construir as pontes do futuro

3 – O pão nosso de cada dia: o peso da nosso visão de mundo na nossa reação as dificuldades da vida


Ponto 2 – Aprendendo a ser atacante: Andy aprende a ser pró-ativa

1 – Aprendendo a jogar no campo do inimigo: a mudança de perfil interior de Andy Sachs – agressividade

2 – Aprendendo a jogar com o inimigo: a mudança no perfil exterior de Andy Sachs – o estilo de se vestir

3 – Quando o jogador gosta mais do jogo do que dos resultados do jogo: a vida pessoal de Andy Sachs

Ponto 3 – Aprendendo novas táticas e novas estratégias: o desligamento de Andy Sachs do mundo de Miranda Priestly


1 – Os fins justificam os meios: a forma de Miranda de jogar na selva das corporações capitalistas

2 – Trabalhamos com pessoas, para pessoas e através das pessoas: a errônea idéia de “passar por cima” de tudo

3 – Os Meios Justificam os Fins:o mais importante da escalada não é o topo, mas as paisagens que construímos no caminho

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